24.8.12

Ligação: Riga

Quando queremos viajar, pensamos sempre numa cidade que seja bonita, interessante e que nos permita conhecer bem uma realidade diferente. Mas não sabemos o que visitar, por isso limitamo-nos a pesquisar por sítios de interesse sem saber o que, de facto, são, ou se valem a pena. Acabaram-se esses tempos de dificuldade.

Entremos no mundo de Riga, a capital da Letónia. Conhecida como a mais importante capital dos países do Báltico (que, relembre-se, são a Letónia, a Estónia e a Lituânia), tem escondidos verdadeiros tesouros.

A história desta viagem começou com um casal de ingleses muito simpático - Mr. and Mrs. Knowles. Provenientes de Manchester, prontificaram-se de imediato a fazer uma planificação geral do que é imperdível em Riga. Tinham visitado a cidade algum tempo antes, e rapidamente esboçaram um itinerário abrangente pela parte mais antiga da cidade (a "Old Town", fascinante) que incluía um passeio de barco pelo rio que circunda a cidade e outro de coche, pelas ruas de paralelos antigos que caracterizam a capital. Com o mapa do casal britânico, partimos à descoberta da cidade mais importante do Báltico.

Riga é servida pelo mais importante aeroporto da região, tendo o maior volume de passageiros de todos nos três países. Além de avião, pode chegar-se a Riga por autocarro (vindo de qualquer cidade da Letónia, como foi o nosso caso, sendo ela Valmiera, no norte) ou por barco, com ligações aos países circundantes. Um dos problemas da Letónia no geral (excluindo Riga) é a condição das estradas: algumas em muito mau estado. Além disso, para percorrer cerca de 150 kms, o autocarro (que não é directo) demora cerca de 2 horas e alguns minutos.



Não obstante, isto não estraga a imagem de Riga. A primeira impressão ao sair do aeroporto não é nada de especial. O mesmo se passa ao sair da estação de autocarros - situa-se na margem do rio que atravessa Riga, o Daugava - visto que parece não estar numa zona com muito interesse. No entanto, está mesmo junto à parte histórica da cidade e nas traseiras do Mercado Central - com uma construcção curiosa, que aproveita hangares da altura da ocupação alemã na I Guerra Mundial.


Alguns metros caminhados, em direcção ao centro de Riga, o eléctrico é a primeira marca do passado que nos surge: azul e branco, longo e com aspecto de anos 60, circula como em Portugal, ou seja, em combinação com o restante trânsito e tendo reservadas linhas para si. O paralelo com Portugal termina aqui, visto que Riga consegue ser uma capital arrumada e limpa arquitectonicamente. Tudo pode ser alcançado a pé e sem confusões. Mais adiante, o primeiro dos vários shoppings que povoam toda a cidade e que é atravessado pelo Daugava (uma curiosidade: ao circular no interior do shopping, há uma parte que é suspensa e na qual se pode observar o rio em baixo; essa parte é vista do rio também) e uma enorme torre com o nome da capital inscrito em letras magistrais: não conseguimos esquecer-nos de que estamos em Riga.



A casa de chá, no jardim
Vários caminhos podem ser tomados a partir desta avenida, que é a central. Decidimos ir em direcção à Ópera Nacional, perto de onde se inicia a tour em barco pela cidade. Pelo caminho descobrimos a multiplicidade comum de hotéis e restaurantes, mas um pormenor chamou-nos a atenção: existe um jardim, no qual está presente uma curiosa casa de chá. Um edifício redondo, decorado, no interior, com almofadas, faz as delícias de quem gosta da fotografia e inicia um bonito percurso pelo jardim, que culimina na Ópera.
Os cadeados do amor

O jardim é percorrido pelo rio Daugava (que nos faz pensar que é um rio omnipresente) e tem inúmeras atracções. Entre elas, diversas estátuas que representam as figuras de uma família, por exemplo, além de um pormenor curioso: numa das pontes encontramos os célebres "cadeados do amor", tal como noutros pontos do Mundo.
Monumento à liberdade






Seguimos em direcção ao monumento à liberdade, bem no centro de uma praça larga, junto da Ópera Nacional. Riga é uma cidade em festa, o que pudemos comprovar um pouco mais à frente. Perto do monumento, existe uma atracção gastronómica: um restaurante da cadeia McDonalds, onde "reabastecemos" e saciamos a fome. Situado bem numa esquina que abre para a zona histórica, combina a modernidade com tempos passados. Mais à frente, numa avenida vedada à circulação automóvel (um costume de Riga é o aluguer de bicicletas), outra prova de modernidade: uma loja da Apple. Tudo isto abre as portas para uma parte com história: uma verdadeira praça da alimentação constituída por pequenos restaurantes típicos mesmo nas traseiras dos maiores monumentos históricos da cidade.

Depois de almoçarmos (no McDonalds, não num restaurante típico, infelizmente), caminhamos em direcção ao ponto de embarque no mini-cruzeiro em torno da cidade. Custa 6 LVL (cerca de 9€) e permite ver por outra perspectiva toda a cidade. É uma navegação que termina no ponto onde começou e que passa não só pelo já referido edifício da Ópera Nacional, como por baixo do shopping e pela baía que se forma à entrada do rio no Mar Báltico - paisagens muito belas às quais as fotografias não fazem justiça.



Finda a viagem de barco, seguiu-se o centro histórico. As calçadas em paralelos ligam lojas tradicionais a antigas igrejas e edifícios seculares, com vielas estreiras a sorrir por detrás de praças imponentes em festa.

Ópera Nacional
Encontramos uma festa "privada" numa das ruas do centro histórico, algo que nos surpreendeu e deliciou. O tempo passa, e descobrimos um restaurante temático a alguns minutos do centro histórico, rumo à estação de autocarros: dedicado ao rock, a guitarra gigante que possuem à porta convida à típica fotografia de recordação. Caminhando cerca de 15 minutos, encontrando eléctricos e trolleys (que não existem em Portugal, curiosamente) pelo caminho, ao longo de um rio ao fim de tarde é uma forma soberba de terminar o dia em Riga. O sol põe-se, formando um bonito pôr-do-sol. Para refeição, recomendamos o restaurante "rock", antes de deixar esta cidade rumo ao ponto de partida.

O que podemos reter de Riga? Que um dia chega para ver apenas uma parte de uma cidade que tem muito para oferecer. Não é possível sair da capital sem provar uma bebida típica - o Bálsamo de Riga (mas cuidado, tem 30% de volume!), nem sem provar a culinária típica, que utiliza muito queijo e muitos vegetais. A Letónia tem, também, algumas sobremesas pouco usuais, como uma espécie de tiramisu feito à base de pão escuro e gelado; mousse com leite não processado e diversas espécies de bagas. O pepino e o tomate são outras duas grandes figuras de uma culinária rica e diversificada, que merece uma experimentação.

Partimos de Riga rumo ao norte do País com vontade de repetir a experiência e de voltar uma outra vez, conhecer a fundo uma cidade que nos reserva experiências únicas. O resto... o resto fica nas fotografias que vos mostramos. E garantimos que visitar Riga no Inverno é igualmente imperdível: a neve toma conta das ruas, num espectáculo magnífico. Mas isso é outra história...

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